sábado, 19 de novembro de 2011

O demônio em nós



A palavra demônio provém de daimon, uma expressão grega usada por Sócrates para definir uma entidade de consciência mais abrangente que o acompanhava. Na verdade, parece se referir a algo em si que sabia infinitamente mais do que ele mesmo - o próprio Sócrates - a qual "consultava" frequentemente com o propósito de encontrar a verdade sobre coisas e pessoas,  os fatos do mundo e a natureza.

Apesar da tradição católica ter demonizado o conceito, tornando-o sinônimo de diábolos, que significa opositor, o termo Daimon na verdade quer dizer justamente o contrário: é o que diversas tradições chamam de eu superior ou eu verdadeiro, o atman manifesto dos hindús, o eu crístico dos gnósticos, o Buda, o Ungido, aquele que pode dizer: Eu e o Pai somos Um..

Este "eu" é o que de fato somos, em essência, e ele sabe mais porque não está apartado da natureza - entendida como a criação inteligente, articulada e conectada - , é o nosso ser natural, que incorpora todos os seus aspectos e deles faz uso, ao invés de ser usado pelas forças que mantém ou de alguma forma se relaciona.

Quem controla quem?

O Demônio em nós é outra coisa, e é o que comumente chamamos de ego, que tratamos usualmente como se fosse um conceito perfeitamente compreendido e, portanto, controlável e administrável de nossa parte.

Mas não é bem assim que as coisas acontecem. Na verdade, o ego é quem nos controla. Seu objetivo é diminuir nossas melhores perspectivas ao máximo, valorizando as que não tem sentido, enquanto combate veementemente, com suficiente astúcia, aquelas posturas, concepções e atitudes que nos tornariam mais conscientes, íntegros e fortes. Em resumo, ele combate terrivelmente a tua própria essência, aquilo que te torna único, para transformá-lo em algum padrão repetitivo, uma marionete, uma representação mal feita, mas nem por isso, menos ativa.

Não é algo para subestimar, porque é uma entidade, digamos, especialista em usar tuas próprias forças contra você mesmo, mais do que isso, ele é esperto o suficiente para te fazer pensar que as necessidades dele são as tuas e que você, em resumo, é ele.

A pergunta óbvia a respeito de tal entidade e de tal comportamento rapinante seria algo assim: bem, o o que este ser ganha com isso? Alimento. Para todos os efeitos, a gente vira um bando de galinhas, cedendo nossas energias através de desejos - extensões de nós mesmos - de emoções exacerbadas, através do próprio sêmen, sangue e outros suportes de vitalidade, através de nossas muletas psíquicas, comportamentos e necessidades que não agregam consciência, vícios, e, em muitos casos, este maravilhoso corpo de comportamentos escravizantes vem acrescido de drogas e álcool. O importante, é a dependência e a pasteurização, jamais a soberania do ente singular que somos.

O Demiurgo somos nós

Existe um fato óbvio para quem caminhou minimamente na chamada espiritualidade que é o seguinte: pensamentos e sentimentos humanos conectados pela vontade geram energia de criação, energia viva e capaz de criar no mesmo sentido do desejado e imaginado e que, uma ora ou outra, vai exigir manifestação na chamada matéria, ou mundo das manifestações. Isso depende apenas do grau de intensidade e segurança do desejo empregado, aliado à visualização mental mais ou menos acurada que se possa ter.

A razão para isto é o fato dessa energia criada - estando a gente consciente de a ter criado ou não - é viva no sentido de agregar e agregar-se a elementos que têm correspondência com sua própria natureza. Está aí a receita do bolo. Adivinhem através de quem ela vai buscar mais estímulo e expansão? Do próprio ser que a criou, você mesmo. Nesse sentido, ela - como qualquer droga ou vício faz - vai pretender crescer às custas de tua atenção e empenho cada vez mais pontuais.

Como se não bastasse, se agrega ao que lhe é similar, ou energias análogas geradas por outros seres humanos. Este conjunto unido, por sua vez, formam outro ente em particular, ou egrégora, que ao mesmo tempo reforça e se alimenta das próprias emanações; na prática, é mais um ser gigantesco te pressionando para lhe dar mais alimento. E assim, a coisa toda vai crescendo a um nível de compromissos e relações energéticas que te transformam num eterno devedor e escravo das próprias forças.

Quem é o diabo nessa história?
Em sentido mais que figurado, existem "diabretes, diabos e grandes demônios", de fato. Traduzindo, são as formas-pensamento negativas e "cascões" os diabretes que nos atentam; já os os diabos e suas hierarquias são os espíritos humanos desencarnados desprovidos de luz, (consciência e saúde o suficientes), todos agregados vampiricamente ao nosso campo energético vital, atraídos por similaridade energética, além das egrégoras de poder; enquanto os grandes demônios seriam as entidades - humanas ou não - que manipulam ou "comandam" do plano astral (entendido aqui como mundo do emocional/mental, que é a matriz(x) energética do físico) todas essas energias de diabretes e diabos, com a finalidade última de fazer de nós uma raça de escravos e sempre um bom prato.






3 comentários:

  1. Ôoo Irmão, sem me aceitas, por aqui fico, na paz de tua companhia.

    ResponderExcluir
  2. Respostas
    1. Monsieur, legal tu me dar uma visita. Como anda? Estamos numa época de muitas provas. Me diga das suas. Outra coisa, podes fazer uma matéria sua pra eu postar aqui. Fique à vontade que eu acho as figuras pra emoldurar. Abraços.

      Excluir