quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

OS VERSOS ÁUREOS DE PITÁGORAS

Em seus ensinamentos Pitágoras dizia: 
"A obra da iniciação está na aproximação do grande Ser, assemelhando-se a ele, tornando-se tão perfeito quanto possível, dominando as coisas pela inteligência, tornando-se ativo como Ele e não passivo como elas. Vosso próprio ser, vossa alma não é um microcosmos, um pequeno universo? Mas ela está cheia de tempestades, de discórdias. Assim, pela iniciação trata de realizar a unidade na harmonia dentro de vós. Então Deus descerá em vossa consciência, então participareis do seu poder, fareis da vossa vontade de ferro a pedra do lar, o altar de Hestia, o trono de Júpiter!

Pitágoras denominava UNO o primeiro composto de harmonia, o Fogo Gerador,que atravessa tudo, o Espírito que se move por si mesmo, o Indivisível, oGrande Não Manifesto, cujo pensamento criador está manifesto nos mundos efêmeros, o Único, o Eterno, o imutável, oculto sob as coisas múltiplas que passam e que mudam. 

"Deus, a substância indivisível, tem por número a Unidade que contém o infinito, e por nome o de Pai, Criador, ou Eterno Masculino, e por signo o Fogo vivo, símbolo do Espírito, essência do Todo"... 

Disse o discípulo Filolaus, referindo-se aos ensinamentos de Pitágoras a respeito do Uno: 

"A essência nela mesma foge à percepção do homem. Este somente conhece as coisas deste mundo, onde o finito combina-se com o infinito. E como pode ele conhecê-las? Há entre ele e as coisas uma harmonia, uma relação, um Principio comum. Esse princípio lhe é dado pelo Uno, juntamente com a sua essência e a sua inteligibilidade. É a medida comum entre o objeto e o sujeito, a razão das coisas, mediante a qual a alma participa da razão ultima das coisas: O UM. Mas como se aproximar do Ser inapreensível? Alguém já viu o senhor do tempo, a alma dos sois, a fonte das inteligências? Não? Somente confundindo-se com ele é que se penetra em sua essência. É semelhante a um fogo invisível, no centro do universo, como uma chama ágil a circular em todos os mundos e movendo a circunferência".

Devemos entender a Mônada como sendo Deus, o UM inconscientizável, a Origem Primeira de tudo dentro da Creação, a Essência de Deus e a Díade, a Mônada polarizada, ou seja, o desdobramento do UM em DOIS e conscientizável como TRÊS. 
Pitágoras mostrava que tudo pode ser expresso por números, até mesmo a natureza íntima das coisas, a Essência Divina. Dizia que a Mônada age como a Díade Criadora, que Deus quando se manifesta é duplo, essência indivisível e substancia divisível, princípio masculino, ativo animador, e principio feminino, passivo, matéria plástica animada.
Díade representa, portanto a União do Eterno Masculino e do Eterno Feminino em Deus.

"Honra à Mulher, que nos faz compreender a grande Mulher, a Natureza. Que ela seja a sua imagem santificada, que ela nos auxilie a subir os degraus de escada que vai até a grande Alma do Mundo, que concebe, conserva e renova, até a divina Cibele, que conduz as almas em seu manto luminoso". 

O UM representa Deus em si, a Causa Primeira, na qual todas as coisas, todos as idéias e todos os opostos se reconciliam. Como sendo um ponto de confluência, o UM é representado pelo ponto, o centro de tudo.

No DOIS está a dualidade, a bipolaridade de criação, o afastamento da perfeição.

Segundo Pitágoras, no Um, que é Deus, extinguem-se todas as polaridades. Segundo afirmava o número UM assim como todos os números impares são masculinos, ao passo que Dois e todos os pares são femininos. 


Os Versos áureos

01. Honra em primeiro lugar os deuses imortais, como manda a lei.
02. A seguir, reverencia o juramento que fizeste.
03. Depois os heróis ilustres, cheios de bondade e luz.
04. Homenageia, então, os espíritos terrestres e manifesta por eles o devido respeito.
05. Honra em seguida a teus pais, e a todos os membros da tua família.
06. Entre os outros, escolhe como amigo o mais sábio e virtuoso.
07. Aproveita seus discursos suaves, e aprende com os atos dele que são úteis e virtuosos.

08. Mas não afasta teu amigo por um pequeno erro.

09. Porque o poder é limitado pela necessidade.
10. Leva bem a sério o seguinte: Deves enfrentar e vencer as paixões.
11. Primeiro a gula, depois a preguiça, a luxúria, e a raiva.
12. Não faz junto com outros, nem sozinho, o que te dá vergonha.
13. E, sobretudo, respeita a ti mesmo.
14. Pratica a justiça com teus atos e com tuas palavras.
15. E estabelece o hábito de nunca agir impensadamente.
16. Mas lembra sempre um fato, o de que a morte virá a todos.
17. E que as coisas boas do mundo são incertas, e assim como podem ser conquistadas, podem ser perdidas.
18. Suporta com paciência e sem murmúrio a tua parte, seja qual for.
19. Dos sofrimentos que o destino determinado pelos deuses lança sobre os seres humanos.
20. Mas esforça-te por aliviar a tua dor no que for possível.
21. E lembra que o destino não manda muitas desgraças aos bons.
22. O que as pessoas pensam e dizem varia muito; agora é algo bom, em seguida é algo mau.
23. Portanto, não aceita cegamente o que ouves, nem o rejeita de modo precipitado.
24. Mas se forem ditas falsidades, retrocede suavemente e arma-te de paciência.

25. Cumpre fielmente, em todas as ocasiões, o que te digo agora.
26. Não deixa que ninguém, com palavras ou atos,
27. Te leve a fazer ou dizer o que não é melhor para ti.
28. Pensa e delibera antes de agir, para que não cometas ações tolas.
29. Porque é próprio de um homem miserável agir e falar impensadamente.
30. Mas faze aquilo que não te trará aflições mais tarde, e que não te causará arrependimento.
31. Não faze nada que sejas incapaz de entender.
32. Porém, aprende o que for necessário saber; deste modo, tua vida será feliz.
33. Não esquece de modo algum a saúde do corpo.
34. Mas dá a ele alimento com moderação, o exercício necessário e também repouso à tua mente.
35. O que quero dizer com a palavra moderação é que os extremos devem ser evitados.
36. Acostuma-te a uma vida decente e pura, sem luxúria.

37. Evita todas as coisas que causarão inveja.
38. E não comete exageros. Vive como alguém que sabe o que é honrado e decente.
39. Não age movido pela cobiça ou avareza. É excelente usar a justa medida em todas estas coisas.
40. Faze apenas as coisas que não podem ferir-te, e decide antes de fazê-las.
41. Ao deitares, nunca deixe que o sono se aproxime dos teus olhos cansados,
42. Enquanto não revisares com a tua consciência mais elevada todas as tuas ações do dia.
43. Pergunta: "Em que errei? Em que agi corretamente? Que dever deixei de cumprir?"
44. Recrimina-te pelos teus erros, alegra-te pelos acertos.
45. Pratica integralmente todas estas recomendações. Medita bem nelas. Tu deves amá-las de todo o coração.

46. São elas que te colocarão no caminho da Virtude Divina.
47. Eu o juro por aquele que transmitiu às nossas almas o Quaternário Sagrado.
48. Aquela fonte da natureza cuja evolução é eterna.

49. Nunca começa uma tarefa antes de pedir a bênção e a ajuda dos Deuses.
50. Quando fizeres de tudo isso um hábito,
51. Conhecerás a natureza dos deuses imortais e dos homens,
52. Verás até que ponto vai a diversidade entre os seres, e aquilo que os contém, e os mantém em unidade.

53. Verás então, de acordo com a Justiça, que a substância do Universo é a mesma em todas as coisas.
54. Deste modo não desejarás o que não deves desejar, e nada neste mundo será desconhecido de ti.
55. Perceberás também que os homens lançam sobre si mesmos suas próprias desgraças, voluntariamente e por sua livre escolha.
56. Como são infelizes! Não vêem, nem compreendem que o bem deles está ao seu lado.
57. Poucos sabem como libertar-se dos seus sofrimentos.
58. Este é o peso do destino que cega a humanidade.
59. Os seres humanos andam em círculos, para lá e para cá, com sofrimentos intermináveis,
60. Porque são acompanhados por uma companheira sombria, a desunião fatal entre eles, que os lança para cima e para baixo sem que percebam.
61. Trata, discretamente, de nunca despertar desarmonia, mas foge dela!
62. Oh Deus nosso Pai, livra a todos eles de sofrimentos tão grandes.
63. Mostrando a cada um o Espírito que é seu guia.

64. Porém, tu não deves ter medo, porque os homens pertencem a uma raça divina.
65. E a natureza sagrada tudo revelará e mostrará a eles.
66. Se ela comunicar a ti os teus segredos, colocarás em prática com facilidade todas as coisas que te recomendo.

67. E ao curar a tua alma a libertarás de todos estes males e sofrimentos.
68. Mas evita as comidas pouco recomendáveis para a purificação e a libertação da alma.
69. Avalia bem todas as coisas,
70. Buscando sempre guiar-te pela compreensão divina que tudo deveria orientar.
71. Assim, quando abandonares teu corpo físico e te elevares no éter.
72. Serás imortal e divino, terás a plenitude e não mais morrerás.




sábado, 19 de novembro de 2011

O demônio em nós



A palavra demônio provém de daimon, uma expressão grega usada por Sócrates para definir uma entidade de consciência mais abrangente que o acompanhava. Na verdade, parece se referir a algo em si que sabia infinitamente mais do que ele mesmo - o próprio Sócrates - a qual "consultava" frequentemente com o propósito de encontrar a verdade sobre coisas e pessoas,  os fatos do mundo e a natureza.

Apesar da tradição católica ter demonizado o conceito, tornando-o sinônimo de diábolos, que significa opositor, o termo Daimon na verdade quer dizer justamente o contrário: é o que diversas tradições chamam de eu superior ou eu verdadeiro, o atman manifesto dos hindús, o eu crístico dos gnósticos, o Buda, o Ungido, aquele que pode dizer: Eu e o Pai somos Um..

Este "eu" é o que de fato somos, em essência, e ele sabe mais porque não está apartado da natureza - entendida como a criação inteligente, articulada e conectada - , é o nosso ser natural, que incorpora todos os seus aspectos e deles faz uso, ao invés de ser usado pelas forças que mantém ou de alguma forma se relaciona.

Quem controla quem?

O Demônio em nós é outra coisa, e é o que comumente chamamos de ego, que tratamos usualmente como se fosse um conceito perfeitamente compreendido e, portanto, controlável e administrável de nossa parte.

Mas não é bem assim que as coisas acontecem. Na verdade, o ego é quem nos controla. Seu objetivo é diminuir nossas melhores perspectivas ao máximo, valorizando as que não tem sentido, enquanto combate veementemente, com suficiente astúcia, aquelas posturas, concepções e atitudes que nos tornariam mais conscientes, íntegros e fortes. Em resumo, ele combate terrivelmente a tua própria essência, aquilo que te torna único, para transformá-lo em algum padrão repetitivo, uma marionete, uma representação mal feita, mas nem por isso, menos ativa.

Não é algo para subestimar, porque é uma entidade, digamos, especialista em usar tuas próprias forças contra você mesmo, mais do que isso, ele é esperto o suficiente para te fazer pensar que as necessidades dele são as tuas e que você, em resumo, é ele.

A pergunta óbvia a respeito de tal entidade e de tal comportamento rapinante seria algo assim: bem, o o que este ser ganha com isso? Alimento. Para todos os efeitos, a gente vira um bando de galinhas, cedendo nossas energias através de desejos - extensões de nós mesmos - de emoções exacerbadas, através do próprio sêmen, sangue e outros suportes de vitalidade, através de nossas muletas psíquicas, comportamentos e necessidades que não agregam consciência, vícios, e, em muitos casos, este maravilhoso corpo de comportamentos escravizantes vem acrescido de drogas e álcool. O importante, é a dependência e a pasteurização, jamais a soberania do ente singular que somos.

O Demiurgo somos nós

Existe um fato óbvio para quem caminhou minimamente na chamada espiritualidade que é o seguinte: pensamentos e sentimentos humanos conectados pela vontade geram energia de criação, energia viva e capaz de criar no mesmo sentido do desejado e imaginado e que, uma ora ou outra, vai exigir manifestação na chamada matéria, ou mundo das manifestações. Isso depende apenas do grau de intensidade e segurança do desejo empregado, aliado à visualização mental mais ou menos acurada que se possa ter.

A razão para isto é o fato dessa energia criada - estando a gente consciente de a ter criado ou não - é viva no sentido de agregar e agregar-se a elementos que têm correspondência com sua própria natureza. Está aí a receita do bolo. Adivinhem através de quem ela vai buscar mais estímulo e expansão? Do próprio ser que a criou, você mesmo. Nesse sentido, ela - como qualquer droga ou vício faz - vai pretender crescer às custas de tua atenção e empenho cada vez mais pontuais.

Como se não bastasse, se agrega ao que lhe é similar, ou energias análogas geradas por outros seres humanos. Este conjunto unido, por sua vez, formam outro ente em particular, ou egrégora, que ao mesmo tempo reforça e se alimenta das próprias emanações; na prática, é mais um ser gigantesco te pressionando para lhe dar mais alimento. E assim, a coisa toda vai crescendo a um nível de compromissos e relações energéticas que te transformam num eterno devedor e escravo das próprias forças.

Quem é o diabo nessa história?
Em sentido mais que figurado, existem "diabretes, diabos e grandes demônios", de fato. Traduzindo, são as formas-pensamento negativas e "cascões" os diabretes que nos atentam; já os os diabos e suas hierarquias são os espíritos humanos desencarnados desprovidos de luz, (consciência e saúde o suficientes), todos agregados vampiricamente ao nosso campo energético vital, atraídos por similaridade energética, além das egrégoras de poder; enquanto os grandes demônios seriam as entidades - humanas ou não - que manipulam ou "comandam" do plano astral (entendido aqui como mundo do emocional/mental, que é a matriz(x) energética do físico) todas essas energias de diabretes e diabos, com a finalidade última de fazer de nós uma raça de escravos e sempre um bom prato.